terça-feira, 5 de abril de 2011

A arte de Amar


A arte de Amar

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus, ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
(Manuel Bandeira)

E agora José? Se me construí acreditando que amor é ponte e ponte que conduz a um lugar fora deste mundo de mim mesmo... e agora José? Se me é dito que ser intenso é ocupar-se de cuidar do seu interior, pois o se aproxima da gente aquele que se sente atraído por aquilo que temos, se tenho conteúdo se tenho exterior. E agora José? Se deixo meu corpo entender-se com outro corpo, deixo ocupar-me do corpo, do exterior, do dito fútil; se muitas das vezes tenho me escondido dentro da minha concha, mostrado meu fora, meu externo e se saio um pouco pra fora o medo de alguém jogar limão no meu eu-ostra me faz contorcer de dor em pensamento e se eu me escondo novamente é porque tenho entendido demais como corpo. E agora José? Escrevo quando me dói, escrevo quando as palavras se tornam absurdas dentro de mim, e às vezes dói muito ser eu, hoje dói, agora dói e escrevo porque desejo que minhas palavras consigam me libertar, consigam romper asas em mim e me tirar de mim, me livrar de mim. Escrevo pra eu me perdoar de ser eu mesmo. E agora José? Qual caminho devo tomar? Se a festa acabou, se a luz apagou, se o povo sumiu, se a noite esfriou e eu continuo aqui com a chave na mão, com a porta para abrir, se há porta para abrir. E agora José, só me resta, como consolo, acreditar que o resto de minha vida de certa forma ainda está em minhas mãos. Você marcha, José!

José, pra onde?

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