Almejo reinventar-me, mas não me encontro onde pensei estar.
Vasculhei toda adjacência sem aparições e desígnios determinados
Afetado pela esperança de no acaso orientar-me.
Se suspirava por erguer os braço, erguia-os,
Mas paralitico, como me encontro; se quero levanta-los não obtenho senão um desejo reprimido.
E eu, cujos dedos e a língua sentem o poder de minha consciência, nada posso fazer pelo coração.
Apenas determina-lo a imposição do silencio sobre minha natureza carnal.
Muitas das vezes me nomearam de visionário e iludiram-me com o os espaços vazios de minha razão.
Donde mergulhei em oceanos, persuadido por devaneios de fantasmas da noite ao nascer do dia.
Acreditando em lutas incessantes com as forças dos ventos e da fome que me flagelava corpo.
Construí meu mundo na garupa de um cavaleiro andante e o perdi na morte do meu cavalo.
Fadários circunstanciais dum destino que me ferira em golpes fatais.
Descobri como o tempo que ser Quixote não bastaria para mim,
Reinventei-me, pois, num Don Juan de pretextos sedutores e sonhados a luz de uma historia de Mil e uma Noites.
Meu sonho acabou quando perdi meus olhos para um olhar que me protelaram a um real imaginado.
Fui Quixote ao combater bravamente moinhos ausentes de real.
Fui Juan para extinguir-me em lenções de sexo sem ecos e espelhos.
Sobraram-me faces desconhecidas dos botecos onde embriago em olhares que tento encontrar-me,
Mas olham-me como se fosse um louco a escrever compulsivamente historiolas que não os alcançam.
Conforto-me, a saber, que digo ao papel as loucuras dos que falam coisas desconexas de mim,
Talvez mais tarde, ofereça-os o papel e a caneta esperando que me doe meia dúzia de seus vocábulos atordoados.
Ouvindo a musica que subjuga meus olhos em notas hipocondríacas e melancólicas.
Percorro-me as imaginações e aos argumentos autênticos que mascaram as descontinuidades de minha personalidade
Em edições de haveres e deveres que me é dado como a de um ser dito normal.
Reinventar-me ficou fadado no escolher entre ser ou meus haveres e deveres e não eu mesmo
Ou, contudo, ser eu mesmo e mais nada e rastejar um bom pedaço para fora de minha concha.
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