Um vento de mar mexeu co’as folhas manuscritas e abandonadas de um poema que não se havia acabado
O sol ainda existia e as palavras era lidar sem as reticências excessivas
Apenas resíduos de palavras, formas incompletas, sons empoeirados e uma inspiração, restam-me
O passado marcará-e e dizia que por todas as noites nada mais deveria senão esperar
A noite existia, plena, cheia, viva, superior a si mesma
E eu tão azul e cinza que nem conseguia disfarçar alguém a quem tanto amara
As prateleiras repletas de livros, quantos foram lidos?
Esqueci de mim ate que a galo da madrugada avistara o primeiro fiasco de luz
A anunciar que sou o que acabara de nascer e a galo que anunciava
Ainda é cedo?
Mas minhas palavras morreram de fome nos sussurros lucrativos em cima de um leito.
Tudo. Nada. O sonho. A palavra, o maldito divã. A orelha locada. O paradoxo estéril.
Varias folhas de papel escorregavam-me obstinadas em detalhar o que não se diz.
Eu, da janela do trem, avistava tudo e tinha vontade de gritar
Mas ele avistava minhas lágrimas. Ouvi-a apenas. Sóbrio. Discreto.
Os abutres tomaram-me o poder apanhando as migalhas que restavam das crianças esmigalhadas na linha férrea
Escolheram a morte que lhes cabiam melhor, enquanto o sol nascia e morrei e eu esperava em outro dia de sol
Necessitava-me dos sonhos das conchas perdidas que as ondas empurravam pr’as areias de mim
Todos que acompanhavam minha tragédia desceram das arquibancadas. Espancaram. Pisotearam. Esmagaram-me
Aquela coisa inacabada era em ultima analise apenas eu mesmo
Serviram aos poderosos as migalhas que me ardiam enquanto o arlequim era encarregado de escrever a minha mãe que eu morrera, se é que tivera mãe e, morrera.
Ao que sobrava restou encobrir-se. O decoro das atitudes esconde o corpo. A decência das palavras limpa os discursos.
Embora não houvesse em mim coisa alguma, eu fui minha melhor obra.
Sob o sol amarelo, cravado numa pedra, muitos que por ali passaram, leram: - Diga ao mundo que eu fui feliz! (Leonardo Frossard)
NOSSA.. que lindoooo.
ResponderExcluir"Eu, da janela do trem, avistava tudo e tinha vontade de gritar
Mas ele avistava minhas lágrimas. Ouvi-a apenas. Sóbrio. Discreto.
Os abutres tomaram-me o poder apanhando as migalhas que restavam das crianças esmigalhadas na linha férrea"
Ameei essa parte.
Léo, você escreve super bem.
Meus parabéns.
Seguindo aqui.