Procuro na escuridão dos meus olhos seguir teus passos
Vigiar-te a luz de velas
Ser quem amas e a sombra de teus sonhos
Eis minha eternidade!
E que me consume nessas horas de largos instantes...
Acorda menino grande!
O muro já não pode mais ser morada para tanto ser
E que de tão próximo se confundira com sua própria pele
Anoitecera apenas...
Sonha Quixote. Sonha!
Sonha com o sol maldito restabelecendo sua presença celestial
Tão perto que se fecham seus olhos com meus sonhos.
Já não serás areia e sombra, oh menino detrás do muro!
Daqui sentes somente o sereno que cai sobre seus olhos
E sem perceber que o cai lá fora molha também aqui dentro.
Turvastes suas águas para que parecessem mais profundas?
As armas que apoderastes territórios fostes a que destruiu o seu!
Tudo que conseguistes de ti no espelho fora somente aparências.
Porque tua luz fala a tudo que é obscuro e somente a ti emudece?
Perdoa-te por ter se encerrado em longínquas trevas!
Se digo: “- Nunca vi um nascer de sol assim!” Posso sentir a ira de seu ciúme
Pois incorporo a mim aquilo que não podes viver por ser um prisioneiro das noites
Sinto que em pequenos gestos encerra também a sua traição.
Se me dizes: “- Vi, ontem, pela janela gradeado um gavião dando um golpe mortal em um curió. Tive pena, mas tu não estavas aqui para vê-los.”
Mais tarde, porém, contarás a mim que viu um podre pássaro sendo devorado por um gavião,
Sei que não estarás incorporando-os a minha vida senão apenas confessando sua inútil traição
E assim imploram meu perdão: “Perdoa-me!”
Da guerra que travei com deuses e demônios que me habitavam as profundezas,
Restou-me o sangue anêmico que ainda corre em minhas veias
E que faz de mim um menino revestido de quixotices audazes
Cujos sonhos alcançam a eternidade à busca de amores perfeitos
Cada vez mais luz onde todos vêem trevas que amedrontam donzelas e que fazem heróis os menos renomados.
Procuro na exatidão dos meus olhos seguir meus passos...
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